segunda-feira, 18 de maio de 2009



Por e para a loucura, se joga.
Na brincadeira,a realidade na rua.
Do gozo à favela, na quietude do abrigo burguês.

Por e para a loucura, se come.
Na carne, o sabor da contravenção.
Dos pés à cabeça, na poesia da negação, a ignorância.

Por e para a loucura, se vive.
Na pele, as marcas da história,
da guerra, dos gritos, dos mitos.

Para a loucura, basta ser...

A dor do espancado.
O amor dos mal amados.
Os traços do tempo.
O primeiro nome dos analfabetos.
O nojo dos estuprados.
O sujo dos mal lavados.
A fome da "vaziês".
A arma dos assassinos.
A boca dos oprimidos.
A consciência da razão.
A fúria dos angustiados.
A angústia da corrupção.

Para a loucura, basta ser...

O erro dos perfeitos.
A traição do próprio desejo.
A culpa dos sensatos.
O que se entrega de olhos fechados.
A doença que contamina.
O outro ser, sem você.

Para a loucura basta ser...

Os olhos, o cheiro, a boca.
O som que não se contém.
A entrada e a saída.
A permanência de não se permanecer.

Parafrasear antangonicamente a Loucura é como alcançar o seu bastante ser.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Fim


Circula a vida em sua forma mais poeira.
Sua forma de partículas, de matéria.
A vida que se transforma.
A forma da morte que, de repente, faz parar.
A circulação.
Uma dor intensa, aguda. Uma força bruta que transforma em água a cólera.
O câncer da sociedade que angaria novos e velhos adeptos.
A louca e intensa amargura dos que, novos, se fazem sentir.
Dos que, novos, projetam um futuro e vislumbram a continuação do hoje.
A doce inocência de se crer na velhice amarga que já não vale a pena ver.
São veias a prole que fica.
A bela face, a fumaça, a obra acabada que soa alto aos ouvidos, a hérnia, a nota,
a vida.